o encontro de uma identidade, da arquitetura que se une à arte, dos padrões e simetrias que são tão característicos das criações kalaii.
Arte que vale muitíssimo a pena conferir, os padrões geométricos da arquitetura islâmica são algo encantador ao olhar, e de cara reconhecíveis. Autêntico nas cores, nas repetições, e nos tipos de desenho e simetrias - é toda uma estética característica, que quase hipnotiza quem vê, sabe?
Foi assim que a Juliana, fundadora e diretora criativa da Kalaii, se sentiu pela primeira vez em que viu esses padrões em uma viagem ao Sul da Espanha, e depois diretamente em Marrakesh, Marrocos.
Para ela, que tem descendência armênia - região que faz fronteira com o Oriente Médio -, foi quase como se encontrasse um pouquinho da sua identidade ali. Estes encontros pelo mundo despertaram uma memória ancestral, que parece explicar porque desde pequena a Juliana sempre se encantou pela simetria, pelas formas geométricas, por seus encaixes e pela arte circular. E, agora, todos estes elementos ficam visíveis nas suas criações em mandalas.
E já que esse contato mexeu tanto com a nossa origem, que tal conhecer a história atemporal desses padrões que, além de decorativos, formam superfícies de monumentos grandiosos?
Há tempos atrás, os artesãos e artesãs islâmicos faziam estes desenhos de círculos e linhas com base em um conhecimento bastante fino da geometria, dividindo círculos em doze partes iguais sem medir ângulos, sem fazer cálculos matemáticos ou se basear em teoria – e, daí, se construía uma grande estampa geométrica na cúpula de uma mesquita, garantindo a perfeição da estrutura circular. Imagina isso? Parece simples hoje, mas é, realmente, uma obra de arte.
E como a gente adora um significado, vale contar que na arte islâmica a figura geométrica do círculo representa unidade e a fonte irrevogável de toda diversidade na criação. A partir de um círculo perfeito – que é o ponto inicial do desenho -, divisões regulares criam novos círculos, secundários e de tamanhos diversos, que se entrelaçam e se conectam com as linhas retas, formando os padrões islâmicos tradicionais.
A maioria destes padrões são baseados na repetição de um único motivo, e todos os elementos desenhados se encaixam em uma sequência perfeita a partir dele – o que facilitava o trabalho, já que em vez de projetar uma estampa detalhada para cobrir uma parede inteira, o artesão podia dividir a superfície em grades de quadrados ou hexágonos, por exemplo, e depois repetir motivos individuais em cada parte.
E por mais elaborados que sejam os desenhos à vista, eles são baseados em grades construídas usando apenas uma régua e compasso!
Quem desenha sabe que a gente tende a confiar somente em ferramentas como o transferidor, esquadros e calculadoras quando o assunto é geometria. Já imaginou construir padrões com um compasso e uma régua? Ou melhor, ter à disposição apenas um pedaço de corda? Isso era o suficiente para se construir um edifício naquela época!
Um lado da corda era amarrado em um ponto fixo; o outro, à um pedaço de madeira. Andando ao redor do ponto fixo com a corda esticada, o arquiteto marcava um círculo perfeito, e o tamanho era determinado pelo comprimento da corda. Linhas retas também eram desenhadas assim, segurando a corda esticada entre dois pontos.
E com os padrões geométricos, também era assim. Formas duplicadas, entrelaçadas e organizadas em complexas combinações, uma das características mais marcantes da arte islâmica.
O curioso é que esses padrões “se recusam” a respeitar às regras da geometria à risca – há uma certa liberdade na repetição e complexidade da ornamentação, e isso dá a possibilidade de um crescimento infinito do desenho e, também, de incorporar outros tipos de ornamentação.
Depois de tanta beleza que é esta arte, deu pra notar a conexão destes padrões com as nossas mandalas e estampas? Confira aqui a coleção de estampas inspiradas nesses padrões e conta pra gente!
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fonte imagens: acervo pessoal
livro islamic geometric patterns de eric broug
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